Fomos grandes

Começamos, lá em janeiro, lutando por redução das tarifas dos ônibus, melhorias no transporte público e passe livre. O movimento durou por quase seis meses. Até que, na manifestação que foi marcada para suspender pelo menos até o final do ano nossas manifestações, a ditadura chegou. Sim, ditadura. É isso o que se tornou o governo de Renato Casagrande na quinta-feira passada.

Na mesma quinta-feira, em mais de mil nós fomos às ruas; fomos à luta. E houve luta. Houve guerra. Nas ruas, em frente à nossa Ufes; dentro da nossa Ufes; nas principais avenidas da nossa cidade, Vitória. Marchamos como soldados da paz, e fomos recebidos como terroristas armados. Mas lutamos. Por paz, tomamos tiros, choramos gás lacrimejante, corremos de cavalaria, apanhamos, fomos presos. E fomos embora, cansados, feridos. Mas ainda fortes.

A noite passou e a sexta-feira começou com a promessa de que o dobro de pessoas se reunisse na Ufes. E fomos mais que isso. Em no mínimo quatro mil pessoas, falamos, decidimos e fomos às ruas. Marchamos por muito tempo, muitos metros e muitos companheiros de luta que no dia anterior haviam tombado em batalha. Berramos por paz, pulamos por justiça, corremos por liberdade de expressão.

Abrimos a Terceira Ponte, assim como abrimos um novo caminho para um novo momento em nosso estado. Ninguém pagou o pedágio na noite de ontem – como, aliás, deveria ser feito em todos os dias.

Ontem, nós fomos grandes. Os aplausos dos dois lados das ruas, de cima dos prédios e de trás das telas de TVs e computadores provam isso. A retirada do assassino Batalhão de Missões Especiais, que estava na Praça do Pedágio, por ordem do governo estadual, prova isso. Nós incomodamos. Ontem, nós fomos grandes.

E seremos maiores na semana que vem.